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Em 2018 e 2019 estive em duas aldeias do povo Yawanawá, no Acre. No primeiro ano, durante o Festival do Mariri, registrei as brincadeiras tradicionais, as músicas, as danças, a vida em festa na aldeia. O Mariri simboliza, entre várias coisas, o renascimento cultural espiritual desse povo, que durante sete dias com muita alegria celebra a vida e os espíritos da floresta, todos os anos. 
No segundo ano, na aldeia Sagrada, mergulhei em uma vivência mais profunda, junto a um grupo de pessoas muito queridas, que subiram e desceram o mesmo rio rumo à aldeia, cheio de galhos e troncos que nos faziam parar e empurrar a canoa para seguir viagem, mas também cheio de belezas de tirar o fôlego. 
Juntos passamos uma semana acampados dentro de uma grande OCA, onde pude ver o Arnaldo Antunes compor e ensaiar uma música linda e tão alegre, dos dias na Aldeia. Durante uma das noites de cerimônia, em volta da fogueira, boa parte do grupo se juntou e cantou a música recém composta pelo Arnaldo, sob a lua cheia, ao som dos tambores dos Yawanawás, ensaiando e errando, enquanto eu, que não conseguia levantar do chão, escutava do meu lugar. Eu queria estar ali cantando, mas eu sou mais de registar. 
Espero que essa música, que tanto me alegra, também alegre outras pessoas nesses tempos tão difíceis.

 

São Paulo, abril de 2021

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